quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Turn My Way - E o imediatismo da vida moderna

My Way - New Order
Take my hand
And don't let go
Trust this man
And let it flow

Don't take me down
Cause I'm not done
Don't steal my crown
Before it's won
The wide expanse
The wheel of chance
Will turn my way
The sky will not be gray
I don't wanna be like other people are
Don't wanna own a key, don't wanna wash my car
Don't wanna have to work like other people do
I want it to be free, I want it to be true

Take my hand
And don't let go
Trust this man
And let it flow

I drank in every bar in town
I filled my cup when I was down
I saw the things I wanted to see
Became the man I wanted to be
But then somehow I lost my way
I've got to get back there today

I don't wanna be like other people are
Don't wanna own a key, don't wanna wash my car
Don't wanna have to work like other people do
I want it to be free,
I want it to be true (3X)

I don't wanna be like other people are
Don't wanna own a key,
Don't wanna wash my
lie awake at night, or wait until it's light
I want it to be free,
I thought that I was right

Tought that I was right
Tought that I was right
Tought that I was right
Tought that I was right
Tought that I was right

Com o imenso imediatismo da vida moderna, muitas vezes nos esquecemos de dar valor as coisas que são realmente importantes, e isto ocorre em praticamente em todas as esferas de nossa vida social. Pensando nisto, lembro que dias atrás, vai, to mentindo cerca de uns três meses atrás, cheguei da faculdade bastante cansado, estressado com a rotina massacrante de ter de ler um número expressivo de textos em um período curto de tempo. Em casa, liguei o pc e cliquei no Media Player, escolhendo todas as músicas que tinha e deixando de modo aleatório. Deitei na cama ficando a escutar várias musicas aleatoriamente, estava quase dormindo até que toca uma música bem construída, com um andamento fantástico e praticamente desconhecida, logo me levantei e fui ver que música era.

A musica como podemos observar acima era Turn My Way do New Order e faz parte do álbum Get Ready. O mais interessante é que eu tinha esta música há tempos e nunca a havia escutado, pelo menos não com a atenção de agora. Neste sentido fiquei depois me perguntando sobre outros tantos álbuns que escutei e não dei a devida atenção, às vezes chegando ao absurdo de avaliá-lo como ruim sem ao menos tê-lo escutado inteiro uma única vez. A condenação precede o julgamento, pois o que está em jogo não é a apuração ou a “verdade”, mas a consolidação e a universalização de uma visão prévia que se espera tornar geral e aceita. Logo então para escrever este post refleti que este deve ser também uma das razoes de os tradicionais Vinis ainda serem hoje tão cultuados. Ouvimos muita coisa e muita coisa ruim e não mais paramos para sentir de fato a mensagem de uma música, filme, livro, queremos sempre tudo para ontem. Com a Internet se por um lado nos proporcionou acesso a inúmeras bandas surgirem por outro não existe mais um filtro, que seleciona aqueles que realmente são bons dos ruins.

A música é um veículo privilegiado de expressão, criação e reflexão sobre valores e idéias de uma sociedade, e devemos elucidar que a natureza de suas produções e suas influências ajudam a modelar o caráter e a direção da cultura norte-americana – e não somente ela. O rock infelizmente hoje perdeu a aura de estranhamento e desajuste com o meio social, não é mais um símbolo de resistência contra aos rumos da nossa sociedade, que cada vez mais se fragmenta, esvaziando de sentido os laços de humanidade.

Problematizar a realidade social vivida, como a música faz de modo brilhante, por essência, é uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de posição, uma decisão, por vezes, até uma ruptura com o passado e o presente. O discurso que nos é dado ver é o da mídia nos alimentando com uma imagem de avanço e progresso, contudo, parece que não se anda levando em consideração o que realmente o ser humano procura ou busca, difícil encontrar um propósito para vida, parecem que os roqueiros de hoje esqueceram o que faz do rock, rock. Discutindo com um colega certo dia nos questionamos qual foi o último cara que você viu quebrar uma guitarra no palco?

Em uma análise sociológica, você não pode apenas tentar se pôr no lugar daquele que está falando e deste modo pensar ver toda a complexidade do espaço social a partir apenas deste ponto de vista. Não basta conhecer os fatos sociais formalmente, é preciso entender as relações que regem determinada conjuntura, devemos ir para além das aparências. A mais cruel camuflagem para a violência dos códigos é o hábito. Não é à toa que o pensamento mais conservador é defensor do ‘respeito às regras’, ou seja, a contratos que regem direitos, que muitas vezes são para poucos. Supõe que não haja alternativas, é necessário entender a conjuntura histórica / tensão permanente, estranhamento e fascínio e sensação de inquietação.
Praticamente tudo atualmente é configurado num clima de rendição ideológica, com as pessoas se esquivando das responsabilidades pela miséria, pela violência, pelas guerras, pois transformar é agir contra uma lógica de mundo que, no fundo, é desejada pelas pessoas, ou isto não é verdade? Quem observa o faz sempre de um certo ponto de vista, o que não situa o observador em erro. Muito difícil encontrar um saída para alem das estruturas estabelecidas. O erro na verdade não é ter um certo ponto de vista, mas absolutizá-lo e desconhecer que, mesmo do acerto de seu ponto de vista, é possível que a razão ética nem sempre esteja com ele. Não devemos estar sempre demasiado convicto de nossas certezas.
Condenam-se esta prática e seus agentes, antes de se tentar entender o que acontece com as pessoas, inseridos em um contexto de perda de valores, de frustrações, de falta de expectativas, de violência. Daí a crítica permanente presente à crueldade do sistema capitalista, ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e a utopia, hoje a vida humana praticamente não tem um propósito, algo que a música a todo momento nos faz refletir, será que realmente estou afim de seguir as normas que nossa sociedade nos obriga a cumprir?

É importante ressaltar ainda que musicas não são teses, e sim obras artísticas; portanto, seu significado não só é aberto como sujeito a diferentes interpretações em circunstâncias e pontos de vista não necessariamente excludentes.

Um dos impulsos mais freqüentes das praticas sociais é a naturalização. Sua tendência é de apresentarem os fatos sociais como eternos, imutáveis, distantes e obrigatórios. Deste modo, o meio social muitas vezes nos ofusca a capacidade de refletir, de sonhar, de acreditar na capacidade de mudança. Contudo, devemos pensar que todos os modelos de organização das sociedades foram construções sociais, podemos ter esperança, pois tudo que foi socialmente construído, também pode ser desconstruído.

Nossas ações individuais são limitadas, apenas atuando em conjunto, ou estando em uma posição dominante, é possível mudar as realidades, contudo, nunca devemos desconsiderar a capacidade de resistência dos agentes. Por isso é interessante observar na letra quando ele fala que não quer fazer o que outras pessoas fazem, não quer ter de lavar o carro, ter suas próprias chaves, não quer ter de trabalhar, algo totalmente utópico nos dias de hoje.

Deste modo, nesta música o New Order soube exprimir ao mesmo tempo com simplicidade e profundidade, além do seu sentimento pessoal, todo o sentimento de sua época. Condensou tanto as idéias e as emoções do homem comum de forma simples e cheia de significados, como não ouvia há muito tempo.

Concluindo, os fatos sociais nunca são simples, pelo contrário, são sempre complexos e muitas vezes contraditórios. Um determinado valor vai sendo confirmado por determinadas regras, e existem sempre múltiplos agentes envolvidos no envolvimento na estrutura dos fatos. A violência simbólica, assim, é a aceitação dos princípios de percepção, classificação e hierarquização dos dominantes pelos dominados, camuflando e naturalizando a dominação. Os dominados passam a atuar de acordo com estes princípios, colaborando-os e reforçando-os na sua tentativa de se encaixar neles. Por outro lado, caso tentem desvencilhar-se deles, podem reforçar sua condição subalterna. Sendo assim apesar de tentarmos muitas vezes fugir destas estruturas de nossa sociedade, muitas vezes acabamos simplesmente por reproduzi-las.

O propósito da musica é nos conduzir a pensar sobre as relações sociais existentes. O silêncio ao qual estamos habituados sobre esses fatos ilude a ponto de supor que não existem ou que não possuímos responsabilidade sobre eles; assim, equivocadamente, passa-se a acreditar que são valores permanentes aos seres humanos. Deste modo, nega-se a debatê-los e eles se tornam um assunto deixado de lado, quando deveriam ser combatidos. Apesar das estruturas sociais serem complexas, rígidas e desiguais, nunca são perpetuas, uma prática pode ser abandonada pelos agentes, além disso, o agente sempre possui alguma liberdade, podendo transformar a realidade.

Os mecanismos narrativos carregados de estranhamento, na forma de reação do compositor (não quero ter de trabalhar...) e a conseqüente reação do meio externo (então você vai morrer de fome), dão pistas de outras instancias significativas pelas quais o ouvinte tropeça e acaba questionando a si mesmo, compreendendo não apenas o dado pela letra d musica, mas relacionando com sua própria condição no mundo real. Fazendo uma analogia, recentemente vendo um episódio dos Simpsons, o Homer faz a seguinte indagação a Marge: “É assim que você imaginava sua vida quando casado?”. Querendo dizer que todos temos muitos sonhos mas quem na realidade realiza ao menos parte dele?

A crítica de Turn My Way permanece atual sendo inevitável a comparação com a realidade presente. Grande Música.

1 comentários:

Anônimo disse...

I love this song, is one of the best, the combination of billy corgan Voice and bernard summer are UNICAS...la letra por otro lado, es un Himno al patetismo de el siglo XX, magnifico