domingo, 30 de setembro de 2007

Into The Wild




"Faça o que você achar que deve fazer", disse Sean Penn.
E foi exatamente isso que Eddie Vedder fez em sua primeira jornada solo.
Assumindo a maioria dos instrumentos e as letras de nove das onze canções do disco (com exceção de um violão acústico em "Society" tocado pelo autor da música - Jerry Hannan - e o backing vocal da Sleater Kinney - Corin Tucker - em "Hard Sun"), o frontman do Pearl Jam nos faz ter certeza de que não é só um vocalista e songwriter excepcional: ele é, também, um grande músico.

Into The Wild é um romance de Jon Krakauer, que conta uma história verdadeira sobre Chris McCandless, um bom garoto vindo de uma próspera, porém infeliz, família, que, depois de de formar, abandona o lar, doa todo seu dinheiro, muda seu nome para Alexander Supertramp e segue rumo ao Alaska, para viver junto a natureza.
Lá, Chris - ou melhor, Alexander - encontra seu fim dezesseis semanas após chegar. O trailer do filme você confere abaixo:





Longe de sua banda, Vedder consegue explorar seu próprio gosto musical, deixando evidente as influências do folk de Bob Dylan e Neil Youg e, obviamente, sua paixão por REM (alguém discorda?).

Nos 33 minutos de música conseguimos - junto com a voz marcante de Eddie - viajar para dentro da música, da história do filme e de nós mesmos.
Talvez nem mesmo essa fosse a intenção, mas quando "Long Nights" começa a tocar é fácil ter a sensação de se estar sob uma lua linda, numa noite escura e estrelada, no meio do nada, ouvindo a voz profunda do frontman da minha banda favorita (ops! opinião pessoal.) falando diretamente comigo e para mim.

De músicas quase acústicas a baladinhas, Eddie mostra seu gosto próprio e prova que tem muita personalidade.

Há aqueles que diriam que algumas dessas músicas poderiam ser facilmente encontradas num cd do Pearl Jam, mas há aqueles (como eu) que acreditam que as músicas desse cd são exatamente aquilo que o Eddie não pode ter dentro da banda.

"Guaranteed", um dos destaques do CD (inclusive por ser a faixa mais longa, com 7:22 minutos), é surpreendente, leve. E quando você acha que terminou e que seu player está louco pois não muda de música, ela é retomada só com os instrumentos e um murmúrio de Eddie.

"Tuolumne" e "The Wolf" são instrumentais, sendo a segunda complementada por uns "Yhuu" de Vedder.

"No Ceilling" é uma baladinha curta que, quando termina, você acha que falta alguma coisa. Mas só até perceber que uma nota a mais do que o tocado tiraria todo o encanto da música. Assim como "Setting Forth", que traz uma batida mais marcante e um final também na hora certa.

"Rise", com certeza, é aquela em que Eddie agarrou se ukelele e faz a festa, deixando sua voz em segundo plano.

E "Far Behind" é mais uma agitadinha que gruda na cabeça da gente.

"Hard Sun" é uma daquelas que vem com tudo para ser sucesso, viajante e gostosa de se ouvir, tem um charme a mais no refrão com o backing de Corin Tucker.
Ganhou até um clipe com cenas do filme:




"Society" e "End of the road", no time das baladinhas, atestam a interpretação fantástica e única de Eddie.

O CD, como um todo, é perfeito pra ouvir na estrada ou naqueles momentos de viagem interiror. Vedder, com sua voz e os instrumentos certos, consegue - sem dúvidas - ser brilhante em sua simplicidade.

Está certo que teremos de esperar alguns meses para conferir o filme, que não tem data de estréia prevista pro Brasil, mas a trilha sonora nós já podemos ouvir, completa.
Gostou?

Soundtrack List:
1. Setting Forth
2. No Ceiling
3. Far Behind
4. Rise
5. Long Nights
6. Tuolumne
7. Hard Sun
8. Society
9. The Wolf
10. End of the Road
11. Guaranteed


Curiosidades:
As músicas do CD são curtas pois foram feitas para encaixar perfeitamente com certas partes do filme.

O encarte tem a autoria de Jerome Turner, pseudônimo de Eddie Vedder, que também o usou nos álbuns 'No Code', 'Yield', 'Live on Two Legs' e 'Binaural'. O que prova que ele também é bom em direção artística.

O álbum foi produzido por Adam Kasper, responsável por "Riot Act" (2002) e "Pearl jam" (2006), e foi gravado no Studio X em Seattle,lugar onde o Pearl jam gravou vários de seus discos.







A revista Time publicou uma entrevista com Sean Penn e Eddie Vedder, quem quiser pode conferir no site: http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1661699-1,00.html (em inglês)

Tarantinos´s mind


Devido à indicação de um amigo, fui ao encontro deste curta onde contracenam o Seu Jorge e o genial Selton Melo numa discussão engraçada analisando a obra de Quentin Tarantino e as relações entre seus filmes. Íncrivel como até num videozinho simples desse, o Selton Melo consegue fazer notar suas qualidades no campo da atuação, nos brindando com suas frases rasteiras e grossas e trechos impágaveis ao lado de Seu Jorge nesse curto, porém de profunda analise da obra de Quentin Tarantino.

Selton: "Não parceiro, não é isso. É que são detalhes que ninguem percebe, vou te dar um exemplo. O Mr. White, antes de entrar pro bando, era parceiro do Alabama!"

Seu Jorge: "La Bamba??!!"

Selton: "Não, La Bamba é a puta que te pariu! Alabama! que casou com Clarice, em Amor à queima roupa..."

Vídeos no Youtube:

Parte 1 : http://www.youtube.com/watch?v=Hi0wRp0Zr_U
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=97mEU6MUQSU&mode=related&search=

No Google vídeos:

Completo: http://video.google.com/videoplay?docid=1511515986562993804


Imperdível!!!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

I N L A N D__ E M P I R E

Festival de Cinema do Rio de Janeiro

Império dos sonhos, 27/09/07.

Após alguns meses de espera, finalmente vi o tão comentado novo filme de David Lynch. Arrumar ingresso não foi nada fácil, foi o primeiro filme a esgotar a venda de ingressos antecipados do Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Porém, vinte por cento dos ingressos foram deixados para venda na bilheteria do local no dia do filme, sorte a minha (e de outros). Cheguei lá exatas quatro horas e meia antes do filme e já tinha umas cinquenta pessoas na fila mas, felizmente, conseguir garantir o meu ingresso e o da minha namorada.


Com efeito, David Lynch criou a sua nova obra com recurso a uma pequena câmara digital (a título de curiosidade, a Sony DSR-PD150), que permite uma mobilidade e uma facilidade na experimentação que a película não permite, além de ser consideravelmente mais barata. Quer isto dizer que, com uma câmara acessível a qualquer um, David Lynch criou uma obra-prima e voltou a alargar os horizontes da Sétima Arte, o que apenas prova pela infinitésima vez que mais do que dominar tecnologias, importa saber o que fazer com elas e como, através delas, servir o cinema. Lynch experimenta com a imagem, com a narrativa, com o som, e deixa-nos completamente perdidos num mundo, mas é sempre capaz de permanecer em contacto directo com as mais profundas emoções humanas, fazendo-nos rir, chorar, ou temer pelas suas personagens.
Todos em seus lugares, que comece a sessão. O filme começa com uma mistura de cenas desconexas que você nem se dá o trabalho de tentar liga-las, logo virá uma explicação, pensaria, errôneamente, alguns. Nikki (Laura Dern) é uma atriz de Hollywood que está se preparando para estrelar um novo filme junto com outro ator bem sucedido, denvor. Porém, durante o processo de filmagem do filme, ela começa a ter crises de dupla personalidade, se confundindo com a personagem a qual interpreta, Sue.


Até aí tudo bem, David Lynch faz questão de mostrar a desorientação de Nikki de uma forma direta e partircular, ou seja, desorientando por completo o público, em diversos momentos do filme você não sabe se é a Sue ou a Nikki que vc está assistindo. Essa desorientação do público é ministrada de forma magistral, em pouquíssimos minutos você se sente um órfão completamente perdido no filme, em dados momentos você pensa estar acompanhando um fato importante da vida de Nikki e derrepente você ouve alguém gritar "Corta! Muito bom Nikki, parabéns!", acredito que a desorientação do público só não seja maior que a da própria Nikki que descobre junto com o publico, que aquilo que acabara de viver e sentir não fez parte de sua vida, e sim da vida de sua personagem Sue. Então, quando você pensa que está entendendo a história e que a complicação do roteiro é exatamente essa dupla personalidade de Nikki, aí é que tudo piora.

A desorientação é tal, que caímos, sem perceber, para o âmago do surrealismo. A desorientação do público a partir daqui, tem como responsáveis duas características do filme, a desestruturação da noção de espaço e a de tempo. Coisas que estão lá, na verdade não estão. Eventos que ocorreram em tempos distintos se encontram num mesmo lugar e por aí vai. Fato é que o tal filme que eles estão fazendo é na verdade uma refilmagem de um filme que não foi possível terminar: seus protagonistas foram assassinados.
A atriz que interpretou Sue naquela primeira filmagem, também tem crise de dupla personalidade. Complicado até aqui? ainda não. Começa então a deterioração da noção temporal dentro do filme, Nikki confunde sua personalidade com a da Sue assim como a atriz da primeira filmagem também o fizera, porém, a primeira atriz começa a confundir sua personalidade com a Sue interpretada por Nikki e a Sue interpretada por Nikki confunde-se com a vida da primeira atriz! Pronto, agora complicou.


O que se vê em "Inland Empire" são exatas 3 horas de puro pesadelo, da Nikki, da Sue, da primeira atriz, e, principalmente, do público. Muita gente não aguentou as revelações e saiu da sala de cinema. Isso mesmo, cerca de 30 pessoas abandonaram a sala de cinema que a tanto custo lutaram para obter um lugar dentro dela. O filme é sombrio, pertubador, insano, absolutamente não linear e surrealista. David Lynch consegue nos promover o maior pesadelo de nossas vidas, um que dura 3 horas ineterrúptas, atacando-nos com cenas desconexas, desconstruindo nossa noção de tempo e espaço com um sucesso em sua empreitada inenarrável. Para quem não conseguiu ingressos ou não mora no RJ, acho que o filme vai estrear por aqui dia 02 de novembro desse ano, basta procurar se informar direito porque definitivamente este não é um filme para o grande público e, indubitavelmente, não será figurinha carimbada nas salas de cinema do país. Este filme acho que está além do bom e do ruim, é uma obra audiovisual pertubadora, inteligente, não linear e, em vários momentos, insana, assim como nossos piores pesadelos.

P.S. Alguém pode explicar-me o real sentido da família dos cabeça de coelho?!

Especificações técnicas:

Titulo Original: Inland Empire
Titulo Português: Império dos sonhos
Realizado por: David Lynch
Atores: Laura Dern, Jeremy Irons, Justin Theroux
País de Origem: França/Polónia/Estados Unidos
Duração: 172 min.


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Blindness


Só pra testar, eis o diário de filmagem do novo filme de Fernndo Meirelles, a adaptação do livro vencedor do Nobel "Ensaio sobre a cegueira" do autor português José Saramago. Além de ótimo diretor, Meirelles ainda escreve bem, contando em detalhes as peculíaridades de se fazer um filme de tal magnetude. Vale acompanhar!

www.blogdeblindness.blogspot.com