Mais uma parceria entre Johnny Depp e o diretor Tim Burton deve ser um dos destaques nos cinemas mundiais. O musical “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” sai da Broadway e vai para as telonas prometendo muita vingança e obscuridade. Espuma de barbear, lâmina bem afiada, uma cadeira reclinável, posição vulnerável. A descrição de um salão de barbearia deve provocar calafrios em qualquer um que conhece a história de Sweeney Todd, um barbeiro serial killer. Uma a uma as vítimas eram degoladas e seus corpos transformados em carne para rechear as tortas de Mrs. Lovett, companheira de Todd.
Em 1973, a história, supostamente baseada em fatos reais, foi reformulada pelo dramaturgo inglês Christopher Bond. Com elementos do clássico “O Conde de Monte Cristo”, Bond deu motivação ao personagem que, até então, era apenas um assassino. O passado de Todd, um homem preso injustamente chamado Benjamin Barker, deu alma à figura aterrorizante.
O roteiro do filme foi baseado nessa versão composta por Stephen Sondheim, uma das mais brilhantes mentes musicais de todos os tempos. Sua idéia era carregar de humor e música uma obra essencialmente de terror e, para que isso funcionasse, escreveu canções infalíveis. Romântico incorrigível, não deixou de lado a frieza e a dramaticidade de Sweeney, como em “Epiphany”.
As melodias variadas e as letras brilhantes contam, praticamente sozinhas, o trajeto de Benjamin Barker de volta a Londres após passar 15 anos preso na Austrália. O barbeiro não enxerga mais no horizonte da cidade a beleza vitoriana que um dia viu ao lado de sua esposa Lucy e da filha Johanna. Já Anthony, um marinheiro que resgata Todd das águas, é o oposto. Ama a cidade em que nasceu e nela enxerga esperança. Enquanto Sweeney Todd encontra refúgio na casa de Mrs. Lovett, uma mulher apaixonada que fabrica “as piores tortas de Londres”, Anthony encontra Johanna, uma jovem por quem se apaixona prontamente.
São duas histórias, uma cheia de romance e promessas, e outra sombria, vingativa. Mrs. Lovett dá a Todd as navalhas que guardou durante tanto tempo e, confiando nas únicas amigas que teve, o barbeiro retoma a profissão que foi forçado a abandonar. É nas navalhas que vê refletida uma maneira de se vingar daquele que o separou de sua família, Juiz Turpin. Entretanto, toda a cidade, cúmplice do que aconteceu, sofrerá por ter assistido calada às injustiças cometidas.
A descrição do personagem principal nas primeiras linhas de “The Ballad of Sweeney Todd” explicam o porquê de Tim Burton ser um apaixonado pelo musical criado por Sondheim: “Sua pele era pálida e seus olhos estranhos”. Burton moldou personagens que se tornaram ícones da estranheza e são caracterizados pelos mesmos adjetivos.
Johnny Depp, que imortalizou “Edward Mãos de Tesoura”, de Burton, foi chamado para viver o personagem título. A parceria do ator com o diretor funcionou outras cinco vezes e a presença de Depp garante grandes lucros a um musical pouco conhecido. O papel de Mrs. Lovett ficou para Helena Bonham Carter, esposa de Burton e figura registrada em seus filmes mais recentes.
O elenco chama a atenção também com Sacha Baron Cohen, que surge como o barbeiro concorrente Adolfo Pirelli, um charlatão que Todd não hesita em desmascarar. Timothy Spall interpreta Bamford, o eterno comparsa do vilão Turpin, personificado por Alan Rickman.
Entre personagens vingativos, loucos, cruéis ou impostores, são os jovens Johanna, Anthony e o inocente Tobias Ragg que adicionam suavidade à obra. Burton optou por colocar Jamie Campbell Bower e Jayne Wisener, de 18 e 19 anos, respectivamente, para interpretarem o casal apaixonado Anthony e Johanna. Ed Sanders foi o escolhido para o papel do pequeno Tobias.
A fotografia escura de Tim Burton e sua direção sóbria deverão dar mais peso a uma história que há muito foi registrada no mundo do entretenimento. Stephen Sondheim atingiu um grande público com sua música memorável, mas é Burton quem irá popularizar as letras que pedem por vingança.
O longa recebeu quatro indicações ao prêmio Globo de Ouro, vencendo na categoria de Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Ator de Comédia ou Musical para Johnny Depp. Helena Bonham Carter foi indicada a Melhor Atriz e Tim Burton a Melhor Diretor, mas não saíram vitoriosos.
Estando em cartaz nos cinemas americanos desde dezembro, o filme já ultrapassa a quantia dos US$ 44 milhões arrecadados. No Brasil, o longa chega apenas em 8 de fevereiro.
Tim Burton fala sobre a necessidade do sangue no filme
Questionado em recente entrevista sobre a necessidade de tanto sangue em "Sweeney Todd", o diretor Tim Burton ("A Noiva Cadáver") salientou a importância de tais recursos para seu novo trabalho. Segundo ele, se fosse alguma coisa diferente do que pode ser conferido nos cinemas, o filme não teria atingido seu objetivo final.
O diretor, que chegou a ter algumas de suas cenas repensadas pela DreamWorks, que achou que o excesso de sangue na tela aumentaria drasticamente a censura, recusou-se a deixar seu filme mais leve. De acordo com ele, tudo foi deixado às claras desde o princípio entre ele e os chefões do estúdio, que concordaram com sua opinião.
E, incrivelmente, para dar ainda mais vivacidade à cor e textura do que ele considerou fundamental para dar vida à sua trama, ele usou o laranja. "Era nosso ingrediente especial, muito pegajoso, muito doce e que queimava seus olhos", contou satisfeito.
A história do barbeiro vingativo deve chegar às telas brasileiras em fevereiro. Na trama, um homem tem sua vida destruída e jura vingança ao sair da cadeira, tornando-se então Sweeney Todd.
Fonte: Cinema com Rapadura
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