segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Trabalho dos roteiristas de Hollywood é muito mais que escrever histórias

Na indústria do entretenimento, escrever é muito mais do que colocar palavras numa página. Os milhares de membros da Writers Guild of America (associação norte-americana de roteiristas), que entraram em greve por causa de um desacordo contratual na última segunda-feira, não largaram apenas roteiros de cinema e TV – eles também estavam criando textos para o programa de perguntas e respostas “Jeopardy!” e falas para “Dancing with the stars”.

Eles também editam o trabalho de seus colegas, dando mais vida ao texto como “formadores de opinião” de cinema ou fazem com que relacionamentos que estão acabando numa novela entrem nos eixos de novo quando desempenham o papel de editores de roteiro. Eles podem trabalhar sozinhos ou fazer parte de uma sessão de brainstorming completamente livre. As semanas de trabalho deles podem ser de organizadas 40 horas ou de mais de 80 horas, em ritmo alucinado.

O pagamento pode ser de US$50 mil por um roteiro original ou ultrapassar US$1 milhão para um roteirista de primeira linha ou roteirista-produtor encarregado de um programa de TV que é um sucesso. E, ao contrário do que se acredita, nem todos os roteiristas estão alocados na ensolarada Los Angeles: dos 12 mil roteiristas registrados na Writer´s Guild norte-americana, cerca de 4 mil pertencem à associação do leste dos EUA.

A maioria dos reality shows não pertencem a nenhum sindicato e filmes independentes podem ser feitos fora do escopo da associação, mas muito do que o público assiste é trabalho de roteiristas associados a ela. Seu esforço também aparece em DVDs, com a grande brecha de compensação para mídia antiga versus digital como cerne das disputas contratuais. O caminho que os roteiristas trilham em sua carreira pode ser tão dispare quanto seus empregos, como demonstrado com os cinco roteiristas abaixo.
Bill Scheft, que há muito tempo escreve os monólogos do "Late Show with David Letterman", da rede Americana de TV CBS.

Nascido em Boston, se formou em Latim em Harvard (“achei que a Igreja ia voltar ao poder”, diz ele brincando) antes de embarcar numa breve carreira como cronista esportivo e uma mais longa como comediante do estilo standup em Nova Iorque. Ele se candidatou cinco vezes ao Letterman Show, então na NBC, sendo rejeitado em todas elas. Em sua sexta tentativa, quando o programa precisava de um monólogo, Scheft foi contratado. Isso foi há 16 anos.

Seu objetivo era “ficar sozinho numa sala escrevendo piadas”, disse Scheft, 50 anos. Essa é uma descrição literal de suas condições de trabalho. “Eu adoro o “Dick Van Dyke Show”, mas isso acabou solidificando uma idéia pré-concebida das pessoas sobre a maneira como as coisas funcionam”, disse ele. Roteiristas de sitcom discutem idéias entre si; esse não é o procedimento num programa noturno, em que os redatores geralmente trabalham sozinhos.

“Cinco caras numa sala trabalhando num texto não gera tanto material quanto cinco caras trabalhando em cinco salas diferentes”, disse Shceft, parte de um quinteto de redatores que ajudam a produzir o monólogo de Letterman. Os roteiristas trabalham com um contrato de 13 semanas e se ele não for renovado, são avisados com um mês de antecedência. Para garantir seu seguro médico, eles precisam atingir a faixa salarial de US$35 mil. “Muita gente já entrou e saiu desde que estou lá”, disse Scheft.


Courtney Simon, editora de roteiro de "As The World Turns."

Simons estudou teatro na Universidade de Indiana e seguiu seu sonho de ser atriz com uma longa participação na novela “Search for Tomorrow”. Quando outra atriz decidiu tentar escrever para a TV em 1980, ela levou Simon junto. “Eu gostei e passei a trabalhar a partir daí”, disse Simon, que tem trabalhos de roteirista e editora em nove programas, entre eles “All my children”, “General Hospital” e “Guiding Light”.

Atuando como editora de roteiros em “As the world turns” desde 2000, Simon é responsável por ler cada roteiro verificando a continuidade, qualidade e fazendo “as edições de texto normais que devem ser feitas”. Ou seja, o estúdio a convoca para escrever cenas. Trabalhando quase sempre em casa, Simon vai ao estúdio uma vez por semana para se encontrar com o produtor executivo do programa, com um representante da rede de televisão e com o roteirista chefe.

Uma equipe de argumentistas produz idéias gerais para uma semana de programas, e cada um desses argumentos é encaminhado a um roteirista diferente. O roteiro então é encaminhado para as mãos de Simon, num processo que deve fluir suavemente para produzir uma hora de angústia para cada dia da semana do ano. Férias são raras. “Tento não trabalhar nos finais de semana”, disse Simon, “quando dá”.

Andrew Price, redator de "Jeopardy!"

Price, 45 anos, foi aconselhado pro sua mãe a ser contador porque era bom com matemática. “Foi a última vez que dei ouvidos a minha mãe”, disse ele. Um trabalho num laboratório de fotografia em Nova Iorque quando estava recém-saído da faculdade lhe rendeu uma produção de vídeo para artistas de performáticos, depois, trabalho de assistente de produção em filmes e comerciais.

Ele foi indicado para um emprego na MTV, onde trabalhou como redator e supervisor de roteiro e ganhou mais em treinamento do que em salário (chegando ao máximo de US$850 por semana). Ao se mudar para Los Angeles no início dos anos 90, ele começou a escrever como freelancer, vendendo roteiros para séries incluindo "Star Trek: Voyager" e um filme para o Disney Channel chamado "The Luck of the Irish."

Com um produtor com quem ele havia trabalhado, foi trabalhar em “Jeopardy!” – um

dos poucos game shows com cobertura da associação de escritores – na posição de roteirista chefe há 10 anos, Price também foi para lá, começando como pesquisador. Há três anos, ele se tornou parte de uma equipe de 10 pessoas. “O que quer que te interesse naquele dia” pode acabar se tornando uma das categorias do show, disse Price.

Se sua filha está estudando anfíbios, ele disse, os telespectadores que assistem a “Jeopardy!” recebe a mesma aula. Se por um lado o salário variando entre US$75 a US$100 é relativamente modesto em termos de Hollywood, há outros benefícios, incluindo uma atmosfera agradável para crianças. “Me sinto em casa aqui”, disse ele.
Devon Shepard, roteirista das séires “Weeds” e “Everybody Hates Chris”.

Quando o talk show de Dennis Miller foi cancelado, um assistente de produção decidiu fazer comédia standup testando seu material com platéias numa barbearia do centro sul de Los Angeles. Rob Edwards e Bennie Richburg, roteiristas de “The Fresh Prince of Bel Air” pararam, provaram um pouco da sagacidade cômica de Shepard e o convidaram a ser roteirista trainee do novo show de Patti LaBelle, o “Out All Night”, da NBC. De lá ele passou para sitcom “Fresh Prince”, de Will Smith. “Eu não olhei mais para trás”, disse Shepard, membro da Writer´s Guild há 16 anos. Outros créditos do roteirista incluem “The Waylans bros.”, “Mad TV” e, mais recentemente, “Weeds”.

Ele foi consultor de produção na sitcom “Everybody hates Chirs”, produzida por Chris Rock. No começo, há a idéia para uma história. Os roteiristas e produtores tanto de “Weeds” como de “Chris” se reúnem no estúdio para apresentar tramas e subtramas. Quando uma idéia é aprovada, ela é encaminhada para um roteirista da equipe. Roteiristas de séries ganham no mínimo US75 mil por temporada e em geral têm uma garantia contratual de que escreverão um ou dois roteiros, o que pode lhes render US$17.500 por roteiro. “Gosto de escrever em casa”, disse Shepard. “Eu não consigo escrever no escritório. Há muitas distrações”.

Warren Leight, produtor executivo da série "Law & Order: Criminal Intent."

Leight, 50 anos, de Nova Iorque, estudou comunicação na Universidade de Stanford “na ilusão de que iria me formar e me tornar jornalista profissional”. Em vez disso, ele escreveu artigos como freelancer, escreveu para um grupo de comediantes, para a TV e para alguns cineastas de segunda linha antes de se voltar para o teatro.

Sua peça de 1999 “Side Man” foi nomeada ao prêmio Pulitzer e ganhou um prêmio Tony. Selecionado para se juntar ao drama “Law & Order” em 2003, Leight começou como membro da equipe de redatores e – porque “ninguém queria subir na hierarquia” – acabou se tornando o produtor e responsável por gerenciar o programa no dia-a-dia. “Sou o cara que tem a responsabilidade final e não tem mais pra quem passar a bucha”, disse ele.

Em sua semana de trabalho de 65 horas, em média, menos que as 80 e poucas de quando começou, ele assiste aos ensaios e formula recriações instantâneas de texto, planeja episódios futuros com o roteirista designado para escrevê-los e apaga diversos incêndios. Uma locação, por exemplo, pode não ser mais possível ou um dos astros “pode estar tendo um dia ruim e eu tenho que aliviar suas preocupações”, disse Leight.

Tradução: Luiz Marcondes


Coppola toma partido de roteiristas e critica grandes estúdios

O diretor de cinema americano Francis Ford Coppola tomou partido, nesta quinta-feira (8), na greve de roteiristas nos Estados Unidos ao criticar os grandes estúdios por monopolizar os ganhos que os filmes e outras produções fora de cartaz rendem aos executivos.

"Cedo ou tarde, as grandes companhias vão ter de reconhecer que esta prática de ficar com este dinheiro a mais não é aceitável", disse o diretor de "O Poderoso Chefão" num fórum empresarial realizado na capital mexicana.

"Agora os filmes não fazem dinheiro só nos cinemas, mas com os DVDs e os lucros conexos", declarou Coppola.

Apesar das volumosas bilheterias de alguns filmes ("quantidades impressionantes") uma vez deduzidos os custos de filmagem e publicidade, elas acabam "não sendo tão" grandes, afirmou o cineasta.

A margem de lucro real, disse Coppola, está nos chamados lucros conexos, gerados a partir da comercialização de DVDs e da exploração do filme em outras plataformas.

Os roteiristas de cinema e televisão dos EUA, em greve desde segunda-feira, exigem que as redes de TV dividam com eles os ganhos obtidos com o download de séries na internet e venda de DVDs.

Preparados para greve longa

A indústria televisiva e cinematrográfica, representada pela Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), afirmou, após a suspensão das negociações com o sindicato dos roteiristas, o Writers Guild of America (WGA), que os produtores estão preparados para uma greve prolongada

"A greve se fundamenta numa divisão mais justa dos ganhos conexos (...), porque neles estão o lucro", disse o veterano diretor.

Coppola declarou ainda que os altos salários dos executivos e os bônus que eles ganham são pagos com o lucro abundante gerado pelo mundo do cinema.

O diretor também destacou o lado positivo de produzir seus próprios filmes, como forma de evitar gastos supérfluos, que acabam no "bolso do irmão de alguém do estúdio".

Fonte: G1

Imprensa americana começa a especular sobre indicados aos Oscar

A crítica cinematográfica dos Estados Unidos começou a especular sobre alguns dos favoritos para a próxima edição do Oscar, e se divide entre os recém-estreados O Gângster e Onde Os Fracos Não Têm Vez.

Apesar de afirmar que 2007 não foi, por enquanto, um ano de favoritos destacados que farão furor na cerimônia de prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a imprensa especializada ressalta a qualidade de alguns filmes já estreados.

"Definitivamente, não há nenhum favorito. Mas isso é bom e aumenta nossas expectativas", afirma o presidente da distribuidora Miramax, Daniel Battsek, ao The Wall Street Journal.

O crítico do jornal nova-iorquino, Sam Schechner, prevê que Francis Ford Coppola e Mike Nichols, dois clássicos de Hollywood, retomarão o caminho do Oscar com Youth Without Youth e "Jogos Do Poder.

Mas as maiores apostas até o momento recaem sobre as mais recentes obras do britânico Ridley Scott e dos irmãos Joel e Ethan Coen.

O Gângster e Onde Os Fracos Não Têm Vez são filmes que dividiram as atenções da crítica graças, em parte, às atuações de seus protagonistas, Denzel Washington e Russell Crowe, de um lado, e Javier Bardem, de outro.

"A atuação de Denzel Washington como o 'chefão' do Harlem é digna do Oscar", afirma Carrie Rickey, crítica do Philadelphia Enquirer. "É um duelo emocionante. A expressão de aço de Washington pode derrotar a personalidade corrosiva de Crowe? Há um empate", acrescenta Rickey, que, no entanto, acredita que a estatueta para Crowe poderia vir por outro filme - o faroeste Os Indomáveis.

No caso de Bardem, tudo são elogios para seu papel na filme dos Coen, no qual encarna - em suas próprias palavras - a violência personificada.

"Bardem, com sua pele pálida e o pior corte de cabelo do mundo, está estupendo em seu papel, um monstro que será lembrado por anos. Por trás de seus olhos se esconde o mal, revestido com um perverso senso do humor", comenta o crítico Peter Travers, da revista Rolling Stone.

Anthony Breznican, crítico do USA Today, lembra outro nome presente nas apostas americanas: o do ator Viggo Mortensen, "carismático e ao mesmo tempo repulsivo" em seu papel de mafioso russo em Senhores do Crime.

Também se destacam os papéis de George Clooney em Conduta de Risco e de Tommy Lee Jones, em No Vale das Sombras.

Entre as mulheres, há previsão de indicações para Jodie Foster por Valente e Angelina Jolie por O Preço da Coragem, respectivamente. Mas, por enquanto, as grandes disputas estão no campo da animação. Uma estréia da próxima semana nos EUA, Beowulf, de Robert Zemeckis, surge como óbvia indicada, mas não isenta de polêmica.

Sua inclusão nesta categoria causou certa polêmica na indústria porque o Zemeckis utilizou uma técnica denominada "performance capture", que usa animação tridimensional, digitaliza os atores - incluindo suas vozes - e os transforma em imagens geradas por computador.

Concorrem com ele filmes como Shrek Terceiro, Bee Movie - A História de Uma Abelha, Ratatouille e Os Simpsons - O Filme.

Por enquanto, são apenas especulações, mas é quase certo que muitos desses títulos estarão presentes nos envelopes que serão abertos pela Academia de Hollywood em 22 de janeiro, dia em que serão anunciados os indicados ao Oscar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Primeiro trailler de Righteous Kill


Veja o trailler clicando aqui


Saiu finalmente o primeiro trailler do filme que finalmente juntou em cena dois dos maiores atores vivos no planeta: De Niro e Al pacino. Os dois astros já trabalharam em outros filmes juntos. Em “Fogo Contra Fogo”, dividiram apenas duas cenas e no clássico “Poderoso Chefão – Parte II” participaram da produção, mas não atuaram em uma mesma cena.

A história deste longa-metragem independente mostrará dois policiais veteranos de Nova York (De Niro e Pacino) tentando resolver seus próprios conflitos enquanto caçam um serial killer que faz justiça com as próprias mãos. Escrito por Russell Gewirtz (“O Plano Perfeito”) e dirigido por Jon Avnet (“Justiça Vermelha”), o filme tem estréia prevista para 2008. Confira as imagens abaixo:






Em breve um artigo especial sobre Robert De Niro e os personagens que marcaram sua carreira, sua parceria com Scorsese, um pouco de sua vida pessoal, sua aventura como diretor e seus projetos futuros no cinema. Aguardem!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Exposição de arte expressionista no RJ


Paisagem Brasileira


Depois de 20 anos, o Rio de Janeiro recebe novamente uma mostra de Lasar Segall (1891-1957), artista russo naturalizado brasileiro, e considerado um dos maiores expoentes da arte moderna brasileira. A retrospectiva “Corpo Presente” conta com quadros inéditos do artista, como “Retrato de Lucy”, comprado pelo governo da França em 1938 e que será visto no Brasil pela primeira vez, e “Ancião de Barba Branca”, exposto ao público pela primeira vez. Segall também é reconhecido internacionalmente como um dos maiores pintores expressionistas.

A mostra é uma homenagem aos 50 anos da morte do artista, e foi organizada pelo empresário Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, galeria de arte em Botafogo, na zona sul do Rio. São 93 obras, entre pinturas, desenhos, gravuras e esculturas. “Segall era um artista muito completo e dominava todas as formas de expressão das Belas-Artes”, disse o empresário em entrevista ao SRZD.“A exposição abrange todo o período expressionista europeu até suas últimas obras, realizadas nos anos de 1950. Foram excluídas da exposição as obras de seu período mais soturno, inspiradas na guerra”, destaca Max.

Duas amigas

Além das obras de arte, estão expostas fotos e esboços do artista. Os visitantes poderão assistir ainda a um documentário com depoimentos de brasileiros ilustres, como Vinícius de Moraes. Um conteúdo multimídia, desenvolvido especialmente para a exposição, está à disposição do público na entrada da galeria.

Como forma de complementação didática, além de visitas guiadas para estudantes e um trabalho pedagógico direcionado a professores, será disponibilizado um caderno de arte-educação criado pela pedagoga Nereide Schilaro Santa Rosa, com o intuito de orientar os professores para um melhor aproveitamento das visitas escolares.

Também foi lançado especialmente para a exposição o livro “Corpo Presente. A convicção figurativa na obra de Lasar Segall”, com textos de Vera D’Horta, curadora do Museu Lasar Segall, em São Paulo, de Max Perlingeiro e do empresário Celso Lafer, especialista em Lasar Segall. O livro tem 288 páginas, com 200 imagens entre fotografias, documentos e obras do artista, com direito a acabamento em capa dura.

O legado de Segall

As obras iniciais de Segall são interpretadas erroneamente como expressionistas, de acordo com Perlingeiro. “Alguns historiadores dizem que o período é totalmente expressionista. Até 1914, no entanto, ele estava impregnado com a atmosfera do impressionismo alemão e francês, e muito influenciado por Cezànne e Van Gogh”, explicou. “Os quadros ‘Retrato de Margarete’ e ‘Leitura’ (1913 e 1914, respectivamente) mostram justamente essa transição para o expressionismo, com uma personalidade própria.”

O quadro “A Floresta” (1912), também presente na mostra, é uma das poucas obras identificadas como parte da primeira exposição modernista do Brasil, em 1913, “quando Segall vem pela primeira vez ao Brasil, e expõe em São Paulo e Campinas. Imagine o espectador vendo uma obra totalmente diferente do que era produzido pelas Belas-Artes. Antes, o que havia era arte clássica, personagens claros”, afirmou Perlingeiro. Segundo o empresário, a segunda vinda de Segall para o Brasil, desta vez para fixar residência, transformaria não só seu estilo como a Arte Moderna Brasileira.

“Quando veio para o Brasil pela segunda vez, em 1922, Mário de Andrade escreveu um artigo para um jornal falando da vinda de um grande artista, preconizando a influência que faria por aqui”, disse. “Houve resistência por parte da corrente clássica de pintores positivistas da escola de Belas-Artes, e por parte dos acadêmicos. Por outro lado, modernistas como Tarsila do Amaral, Anita Malfati e Di Cavalcante o receberam de braços abertos. Só em 1931, o Salão de Belas-Artes abriu espaço para a Arte Moderna.”

Pinturas de sua fase mais brasileira, de 1924 a 1928, também podem ser admiradas na mostra carioca. “Ele se impressiona muito com o exotismo do Brasil, a folha de bananeira e o mulato, e pinta esses temas exaustivamente”, comenta Perlingeiro. “Era de uma brasilidade muito grande, ele realmente assume o personagem de uma nova pátria, que ele estava adotando.”

Segall também realizou trabalhos em bronze, mármore e pedra-sabão, além de lito e xilogravuras, entre outras técnicas. “Após começar a trabalhar com esculturas, os quadros também ganharam uma certa tridimensionalidade. Além do uso das formas, Segall começou a usar areia e outros materiais em suas pinturas, criando texturas.”

Vida e arte

Lasar Segall nasceu em 21 de julho de 1891, na comunidade judaica de Vilna, na Lituânia, onde começou a estudar desenho. Posteriormente, passa a morar na Alemanha, onde aprimora sua arte. Por causa de seus irmãos, que já moravam no Brasil, conhece o país em 1913. Somente em 1923, Segall se muda para São Paulo, após ter conquistado reconhecimento no exterior. Automaticamente, passa a conviver e criar laços de amizade com modernistas brasileiros, como Mário de Andrade, que já acompanhava seu trabalho por revistas e jornais.

As obras Paisagem brasileira (1925), Menino com lagartixa (1924), Rio de Janeiro (1927) e Mãe cabocla (1944) demonstram o início de Segall no que foi denominada sua “Arte Brasileira”, quando passa a usar motivos e cores locais, como figuras de negros, plantas tropicais e favelas.

Segall casa-se Jenny Klabin em 1925, sua ex-aluna de desenho de quando veio pela primeira vez ao país, em 1913. Dois anos mais tarde, naturaliza-se brasileiro. Do casamento com Jenny, nascem dois filhos, Maurício e Oscar. Passional, suas companheiras foram um tema recorrente em sua produção artística. A primeira esposa, Margarete Quack, foi retratada em algumas de suas primeiras obras; mas quando conhece a pintora paulista Lucy Citti Ferreira, chega a produzir cerca de 50 obras usando-a como modelo.
Em 1937, dez obras de sua autoria são incluídas na Exposição de Arte Degenerada, organizada pelos nazistas em Munique para desqualificar a Arte Moderna. Em 1942, Ruy Santos produz um filme sobre sua obra, “O artista e a paisagem”.

Segall morreu em 2 de agosto de 1957, vítima de doença cardíaca. Sua morte é lamentada por diversos expoentes nacionais, como Candido Portinari, que assim o descreve: “Ele foi um artista de rara honestidade, fiel até o fim ao seu ofício e incapaz de subordinar sua inspiração aos fatores momentâneos de sucesso”. Em 1967, é criado em São Paulo o Museu Lasar Segall, em sua antiga residência.

A retrospectiva “Corpo Presente” acontece na Pinakotheke Cultural do Rio de Janeiro, situada na rua São Clemente, 300, em Botafogo, na zona sul do Rio, até 21 de dezembro. A galeria funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e aos sábados das 11h às 18h. A entrada é gratuita. Visitas escolares podem ser marcadas pelo telefone (21) 2537-7566 ou pelo e-mail professor@pinakotheke.com.br.

Fonte: SRZD

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Johnny and June

Cerca de umas três ou quatro semanas atrás, para ser mais preciso no feriado antes deste, com a velocidade que anda a vida humana parece até que faz muito tempo, voltei para Sorocaba rever meus pais e meus amigos. Antes de vir já havia combinado com meu primo Luis ir ao Recreativo Campestre ver o show do Natirutz, realmente deve ter sido um saco o show, porém fazia e ainda faz um bocado de tempo que não vou a esse lugar que marcou e muito boa parte de minha adolescência com excelentes shows de bandas tradicionais do rock nacional, praticamente vi todas as bandas tanto do mainstream como algumas independentes passarem por aquele lugar, realmente este é um dos fatos que traz certa nostalgia. Então pensei vou lá tomo umas bier, chaveco umas minas e fico de boa, até porque infelizmente hoje toda aquela aura que existia naquele lugar acabou, a radio 89fm que patrocinava os eventos, foi vendida, e se antes sua programação já era ruim, hoje em dia é impossível escutá-la, para não ser no mínimo deselegante. Pois bem, certa hora da noite, fui me arrumar para ir ao show e bem que me liga meu primo dizendo que não ia ao show alegando que arrumou um bico no dia seguinte.

Depois de xingá-lo um monte, resolvi ir até a locadora pegar uns filmes, algo que devido a faculdade não havia fazendo a algum tempo, não que tenha perdido muita coisa, mas enfim, chegando lá, loquei três filmes. Babel; que queria ver a algum tempo, Estrada da Perdição; do mesmo diretor de Beleza Americana, e que também queria ver há algum tempo, e um que me chamou a atenção, porém que nunca vi ninguém comentando sobre ele: Jonhy and June, um filme sobre a vida de Jonhy Cash, lendário roqueiro norte americano, que havia sido lançado em DVD recentemente, depois de ter concorrido ao Oscar entretanto ter passado batido pelos cinemas.

Pois bem fui assisti-los. Babel decepcionou bastante, esperava muito mais, Estrada da Perdição é um filme legal apenas isto. Como não estava muito de noite ainda, resolvi então ver o tal azarão da noite: Jonhy and June, este sim surpreendeu, fez valer a noite e é a razão deste post.

Pois bem, quem afinal foi Jonhy Cash? Hã!!! Como que você não conhece? Jonhy Cash foi um dos artistas mais foi um cantor e compositor americano de música country, conhecido por seus fãs como "O Homem de Preto". Ta e dai? Teve uma carreira que durou quase cinco décadas, ele foi para muitas pessoas a personificação do country. Sua voz sepulcral e o distintivo som "boom chicka boom" de sua banda de apoio "Tennessee Two" podem ser reconhecidos instantaneamente por inúmeras pessoas. Humf, e....? Foi um artista imensamente popular, desde o inicio de sua carreira como um pioneiro do rockabilly e rock and roll nos anos 50 à sua transformação em um representante internacional da música country e até sua reconquista da fama nos anos 90 tanto como uma lenda viva como ícone do country alternativo, Cash influenciou incontáveis músicos e deixou um trabalho igualado apenas pelos maiores artistas de sua época.

Legal, sendo assim porque não fazer um filme sobre a sua história, pois bem, o filme foi realizado por James Mangold, conta com Joaquin Phoenix no papel de Johnny Cash e de Reese Witherspoon como June Carter. John Carter Cash, filho de Johnny Cash e June Carter foi Produtor Executivo e o grande mentor do projeto que, é baseado nas auto-biografias do próprio Cash: Man In Black e Cash. Este filme foi rodado após a morte de Cash. Apesar disso, este chegou a ter conhecimento do início do processo de pré-produção nos últimos tempos em que viveu. Walk the Line deve o seu nome à canção original de Cash: I Walk The Line.
Em vida, Cash escreveu duas autobiografias, ‘The Man in Black’ e ‘Cash: An Autobiography’, esta última em parceria com Patrick Carr, que acabaram por servir de base para o roteiro que deu origem a este filme, escrito por Gill Dennis e pelo diretor James Mangold. Os roteiristas inclusive estiveram com Cash e June por horas e horas de conversa a fim de deixar o script o mais fiel possível. O problema maior foi reduzir mais de setenta anos de uma vida em pouco mais de duas horas, e optaram por começar a história do menino pobre descobrindo seus talentos, enfrentando um pai autoritário e encerrá-la quando ele finalmente estabiliza sua carreira e sua vida matrimonial.

A narrativa do filme começa em 1955, com Cash um guitarrista arredio entrou naquele que logo seria o famoso Sun Studios, em Memphis. E foi um momento que deixara marcas profundas na cultura americana. Com a fúria de seus acordes na violão, uma intensidade de aço e uma voz profunda , Cash cantava canções sobre dores de amores e sobrevivência que eram cheias de energia, cheias de vida, e algo nunca ouvido antes.

Aquele dia deu início a carreira de Johnny Cash. Como pioneiro de um som intimista e original que abriria o caminho para as futuras estrelas do rock, country, punk, folk e do rap, Cash começou também sua agitada transformação pessoal. No período mais volátil de sua vida, ele passou de um destrutivo pop star ao famoso ícone representado pelo "Homem de Preto", enfrentando seus próprios demônios, lutando pelo amor que o reabilitaria e aprendendo a andar sobre o fio da navalha que separa a redenção da destruição.

O roteiro foca a vida de Johnny Cash, no período entre 1955 e 1968, durante o qual ele se tornou reconhecido e perseguiu a mulher de seus sonhos, pela qual era apaixonado desde a infância, quando, ainda garoto pobre, fantasiava sobre a já famosa June Carter ao escutá-la através do rádio. Ainda assim, o filme não consegue deixar de soar episódico: depois de passarmos pela infância do cantor e testemunharmos a morte de seu irmão, saltamos para sua adolescência e o acompanhamos brevemente em sua passagem pelo exército, antes de finalmente conhecermos sua primeira esposa e observarmos seus esforços para se tornar cantor profissional. Neste sentido, Dennis e Mangold fazem um recorte, que parece como uma coletânea dos melhores momentos da vida de Cash, criam uma narrativa que encaixa os incidentes de maneira orgânica, natural.

O filme conta a trajetória do cantor Jonny Cash para a conquista de June, também cantora, suas vidas são contada desde a infância, passando pelo inicio da carreira, o grande sucesso que ele conseguiu fazer, como ele se envolveu com as drogas e acabou com toda a sua carreira e como ele conseguiu dar a volta por cima. A narrativa enfoca também a relação conturbada entre Johnny Cash e o pai, por exemplo, criticando o filho, Ray Cash mostra-se incapaz de valorizar as conquistas deste, chegando a culpá-lo pela morte do irmão e a lamentar-se por Deus ter “levado o filho errado”. Inicialmente, a responsabilidade pelo comportamento monstruoso do sujeito poderia ser atribuída ao seu alcoolismo, mas, mesmo depois de largar a bebida, ele se mostra igualmente impiedoso com Johnny. A origem do rancor – principalmente se considerarmos que o protagonista se esforça ao máximo para honrar o pai, oferecendo-lhe conforto e respeito. Intrigante é perceber que, em nos momentos finais, o filme parece sugerir que os dois homens encontraram uma paz relativa.

O retorno ao sucesso veio com a eterna parceira June Carter que co-escreveu ‘Ring of Fire’, a música que fez com que ele retornasse às paradas, e que o salvou da dependência de anfetaminas. Recém-divorciada, June, que sempre foi uma espécie de musa para Cash, conseguiu com que ele se livrasse da dependência e redescobrisse sua fé. Durante um show, foi pedida em casamento pelo próprio, depois de muito hesitar aceitou. Logo em seguida Cash lançou seu álbum de maior sucesso ‘Johnny Cash at Folsom Prison’, gravado dentro do presídio.

A trajetória do relacionamento Jonhy e June estabelece uma estrutura muito legal e conferindo peso ao filme. Reese Whiterspoon encarna June Carter com uma energia impressionante, sendo particularmente feliz ao retratar a capacidade desta em usar o humor como forma de criar uma figura pública cativante e vivaz, embora, em sua vida particular, se questionasse com relação ao próprio talento e fosse vítima do preconceito por ter se divorciado em uma época na qual isto ainda era visto com maus olhos por uma sociedade conservadora e machista. Mas, ainda mais importante, Whiterspoon retrata a ética moral de June Carter e convence o espectador de que, afinal de contas, nada seria melhor para Johnny Cash do que se casar com aquela mulher.

Um filme muito bom e que conta de forma muito interessante um pouco da historia da vida de Johnny Cash e sua esposa Junne Carter. Passou quase despercebido, e foi sem motivos muito criticado, na realidade ele é um filme muito bom e é uma boa dica para dias chuvosos como hoje