domingo, 14 de outubro de 2007

"Tropa de elite" segundo o New York Times

Aqui está uma tradução feita diretamente do site do Jornal americano The New York Times sobre o filme Tropa de Elite e a violência do RJ publicado hoje mesmo. Estava esperando desde o lançamento do filme alguma repercusão interessante do mesmo fora do país, bem, aqui está a visão americana de tudo que tem acontecido por aqui.

Uma unidade violenta da polícia, no filme e na cidade do Rio


RIO de JANEIRO, Oct. 14 — Para Antônia Dalva de Souza, um novo filme sobre a violenta Guerra entre as gangues de drogas do RJ e o batalhão de operações da policia militar acontece bem perto de casa.

Um membro do batalhão de operações especias da policia do estado, conhecido como BOPE, ficou de prontidão na favela Parada de Lucas no Rio de Janeiro durante uma ocupação em 2005 após oito seqüestros que tem como suspeitos traficantes de drogas.

Sua casa, que fica à beira do morro, com seus muros frageis e com buracos, estava perfurada por balas de policiais este ano. Uma cicatriz na parte superior de seu braço é devida à uma bala disparada em uma recente incursão da polícia, disse ela. Outra bala perdida matou a sua filha de 5 anos de idade, Joyce, em 1995, enquanto ela durmia em sua cama. Ela suspeita que a policia disparou o tiro.

“ Eles chegam atirando” afirma senhora Souza, de 32 anos. “Minhas crianças rastejam para debaixo de suas camas quando o tiroteio começa”.

Residentes da favela da Vila Cruzeiro, umas das mais violentas do Rio, dizem que eles estão sob cerco desde o ultimo mês pelos boinas negras, batalhão de operações especiais da policia, melhor conhecida como BOPE pelos brasileiros. Membros do batalhão rondam com veículos de armamento pesado carregando o símbolo da força, uma caveira e pistolas cruzadas, ou a pé, se movimentando assustadoramente, com a eficiência e velocidade de um gato.

Como todos os outros cariocas, senhora Souza também viu “Tropa de elite”, um novo drama brasileiro baseado na vida dentro da BOPE, que é repreendido com combate aos traficantes de droga da cidade.

O filme, que estreou em escala nacional na última sexta mas eu na última semana ofereceu pra o Rj e SP uma rara olhada no batalhão, que é mostrado como matador e torturador. O filme esta causando a reflexão de muitos brasileiros sobre até que ponto é aceitável a violência por parte dos policiais, especialmente no Rio, uma cidade com a taxa de homicídio seis vezes maior que a da cidade de Nova Iorque.

Em particular, tortura é apresentada no filme como um ato quase que constante na violencia urbana no Brasil, com oficiais de policia e traficantes competindo uns contra os outros na escala de brutalidade.

Mesmo antes de chegar nos cinemas, “Tropa de elite” já estava na trilha de se tornar um dos maiores filmes brasileiros. Uma versão pirateada do DVD foi vista por aproximadamente 11.5 milhões de pessoas, afirma o Ibope.

O esforço da policia para mantes o filme longe das salas de cinema falhou. O coronel da policia solicitou que José Padilha, diretor do filme, comparecesse para um questionamento na segunda-feira. Sr. Padilha disse sexta que isso fez parte de um esforço da policia para descobrir os oficiais que ajudaram à ele fazer “Tropa de elite”. Governador Sérgio Cabral do RJ o aconselhou a ignorar o chamado. “A policia está tentando perseguir todo mundo que trabalhou neste filme” disse Padilha.

Nenhum filme causou tamanho alvoroço aqui desde de “Cidade de Deus”, um aclamado filme de 2002 sobre as favelas do Rio, da perspective dos traficantes. “Tropa de elite” fez todo mundo que o assistiu promover debates questionando o uso de drogas pelos cariocas de classe média e alta como culpado pela guerra no Rio

O filme conta a história verídica de uma operação, os esforços do BOPE em 1997 para exterminar uma gangue de drogas que trabalhava na favela próxima à casa do arcebispo do Rio. BOPE foi responsável por manter a área segura antes da visita do Papa João Paulo II.

Durante a operação de quatro meses, BOPE matou 30 pessoas e prendeu 30, incluindo dois chefes de tráfico, disse Rodrigo Pimentel, um ex-oficial do BOPE que coordenou a operação e co-escreveu o livro no qual o filme é inspirado.

Tempos atrás, BOPE tinha aproximadamente 120 membros e é considerado o centro dos oficiais honestos do Rio. A força cresceu pra mais 400 atualmente, e sua reputação de ser incorruptível é moda.

Mas sua reputação para brutalidade é indisputável. Em uma cidade infestada de crimes violentos, o protagonista do filme, Capitão Nascimento, tem sido idolatrado pela maneira implacável e mortal que cuida dos criminosos.

Não é diferente do modo como os americanos tem crescentemente admirado o gente fictício Jack Bauer da série de TV “24 Horas”, em que com seu estilo sem barreiras trata das ameaças terroristas. Ambos os homens estão em profundos problemas. Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, sofre de ataque do pânico e luta em separar suas noites violentas de sua vida familiar.

O capitão e seus homens incessantemente estapeiam suspeitos de tráfico e cobrem suas cabeças com sacos plásticos até eles romperem em sangue. “bota na conta do Papa”, diz o capitão quando um companheiro de equipe pergunta à ele se queria que desse um fim na vitima torturada. Esta é uma frase que os membros do BOPE diziam freqüentemente durante a verdadeira operação, disse Sr. Pimentel.

Reações para o personagem capitão Nascimento tem se partido pelas classes sociais. “Ele traz segurança para nós, pessoas de classe média e alta” diz Aletea de Souza, professora de ed. Física, após uma sessão num domingo no Leblon. “Eu não diria que ele é um herói, mas ele é está no meio, entre o bem e o mal.”

Na Vila Cruzeiro, acham que o filme glorifica o BOPE. “ É um filme perigoso” diz Nanjo Van, eu dirige o Instituto brasileiro de inovações em saúde social, uma instituição não governamental na favela. “O BOPE esta torturando, e eles estão matando, e isso não esta certo.”. “Crianças nas favelas se vestem de preto e encenam sessões de tortura, colocando sacos plásticos na cabeça dos amigos” disse ele.

Padilha disse que a reação olho-por-olho para muitos brasileiros o surpreendeu. Ele disse que fez o filme para denunciar a violencia e a tortura. Wagner Moura, o ator, disse quês eu pensamento era “ Impossível que pessoas na Finlândia ou Suécia vejam estes policias como heróis, policia eu tortura e mata”, enquanto muitos brasileiros claramente respeitam o capto Nascimento.

Pimentel, que renunciou à BOPE em 1998 depois de 6 anos, disse que o filme chega num momento de muita violência para os cariocas. Um caso particularmente chocante foi a morte em fevereiro de João Helio, de 6 anos, que foi arrastado por mais de quatro milhas por um cinto de segurança após 2 adolescentes roubarem o carro de sua família.

Sr. Pimentel disse que ele se desiludiu com o BOPE após a operação do Papa. “A policia tem esquecido sua principal missão,” ele disse. “Nós não estamos lá para servir e proteger. Nós estamos apenas lutando uma guerra pessoal contra os traficantes.”

Fonte: New York Times
Tradução livre:
Raphael Dias


Sintam-se à vontade para se expressarem e discutirem a repercussão que este filme está gerando no Brasil e, agora em dinte, no exterior, na parte de comentários desse post.

2 comentários:

Unknown disse...

Tropa de Elite surpreendeu bastante mesmo. Acho que mostrou sim de forma bastante violenta o combate ao tr�fico nas favelas do Rio, mas � como realmente deve ser.

Esse lance de crian�as que se vestem de preto e "encenam" um certo tiroteio � pura falta de educa�o. Falta de apoio de um servi�o comunit�rio, se � que existe e sempre tenta se manter em pr�tica.

BOPE ficou trancado como mostrou o lado "agressivo" deles. Verdade ou mentira? Bem... � como a seguran�a p�blica se mostra aqui no Brasil e, principalmente, na cidade do Rio de Janeiro.

�timo post!

Anônimo disse...

Pro bem ou pro mal (ou mau?! ahmeudeus, vocês entenderam")... O filme é foda.
Bem dirigido, um roteiro maneiro... Várias frases que ficam na cabeça.

Acho que não defende nem ataca demais, mostra a verdade e pronto.


Encomodou? Claro que sim. A verdade dói.
Mas ao invés de caçar os cineastas, que tal caças os bandidos (policiais ou não)?