sexta-feira, 19 de outubro de 2007

'Control' é filme de amor com boa música, diz diretor


Fonte: G1

Foi um acordo fechado com um aperto de mãos. E, 28 anos depois, resultou em “Control”, filme sobre a vida e o suicídio de Ian Curtis, líder da lendária banda Joy Division, que será exibido nesta sexta-feira (19), primeiro dia da Mostra de Cinema de São Paulo.

O ano era 1979. Foi em uma estação de metrô londrina que os membros da banda e o fotógrafo Anton Corbijn (então com 24 anos) apertaram as mãos, depois de uma sessão de fotos de dez minutos que se tornou um dos ensaios mais famosos do rock ’n’ roll.

Em maio de 1980, Curtis morreu, aos 23 anos. Àquela altura, com apenas dois álbuns lançados, o Joy Division já tinha mudado a música, com sua combinação de pós-punk e dark, letras pessoais apoiadas por um som rígido e cavernoso.

Corbijn tornou-se um fotógrafo renomado, criando imagens memoráveis de U2, Depeche Mode e R.E.M. Ele ainda dirigiu vídeos dessas bandas e de outras, incluindo Nirvana.

Em um DVD lançado em 2005, com uma compilação dos vídeos de Corbijn, Peter Hook, baixista do Joy Division (e do New Order) disse, meio brincando: “Nós fizemos dele o que ele é ele, sabia? Ele não seria nada sem a gente”.

Aos 52 anos de idade, Corbjin afirmou à agência de notícias Associated Press que ele decidiu fazer sua estréia na direção de longa-metragem motivado por “uma ligação emocional com a história, e pensei que isso poderia compensar alguma falta de conhecimento sobre como fazer um filme”.

“Ao mesmo tempo, eu quis encerrar uma parte da minha vida, onde tudo o que eu faço ainda tem influências de minha adolescência. Então, talvez essa decisão englobe tudo isso.”

História de amor

O filme de Corbijn é uma incomum biografia que se concentra no casamento precoce de Curtis e suas aflitivas crises de epilepsia. Os ataques de Curtis (incluindo um no palco) são mostrados como a principal razão de seu suicídio, considerando os efeitos de seus medicamentos, freqüentemente misturados a álcool.

“Control” foi aplaudido em vários festivais de cinema, inclusive em Cannes, onde o diretor recebeu três prêmios. Corbjn estava inflexível em não classificar “Control” como um “filme de rock”.

“É um filme sobre um garoto que tinha um sonho e tentou realizá-lo, mas termina num ponto em que ele se encontrava infeliz. É uma história de amor, com músicas boas. É assim que vejo, nessa ordem”, explicou o diretor.

Escrito por Matt Greenhalgh, o filme é baseado no livro "Touching from a distance", de Deborah Curtis (interpretada por Samantha Morton), mulher do vocalista. Os dois se casaram em 1975 e tiveram um bebê quatro anos depois. Curtis, no entanto, teve um caso com uma mulher chamada Annik Honore, também mostrada no filme.

“Embora eu nunca tivesse visto Anton antes, o fato de ele ser conhecido pela banda e de ter vivido no Reino Unido por tanto tempo me pareceu uma grande vantagem, muito melhor do que lidar com um completo estranho”, afirmou Deborah.

Cantar e fumar muito

O papel de Curtis foi dado a Sam Riley, selecionado por meio de testes. Riley, líder da banda 10.000 Things, já havia , coincidentemente, feito uma breve participação em "A festa nunca termina" –filme de 2000, que retrata a Factory Records e a cena musical de Manchester, com o Joy Division e outras bandas.

Em entrevista dada por telefone, de Londres, onde está filmando sua nova produção, Riley disse: “Não pude acreditar que tinha conseguido aquela oportunidade. Ele [o diretor] me disse que não sabia se conseguiria encontrar exatamente o que estava buscando: um ator desconhecido que soubesse cantar e fosse capaz de fumar muitos cigarros”.

Riley estudou o pequeno material disponível sobre Curtis, tendo prestado máxima atenção em seu inconfundível movimento de braço enquanto dança. Já que isso é uma das poucas características que as pessoas imediatamente reconhecem em Curtis, era importante para criar autenticidade.

Corbijn elogiou o ator e disse que ele fez o filme melhor do que o esperado.

Filmado em preto-e-branco, "Control" tem a maioria de suas músicas apresentadas ao vivo –e para essas cenas, Riley e uma banda tocaram eles mesmos as canções.

“Quando ouvi a música vindo da bateria, do baixo, da guitarra atrás de mim, da banda verdadeira, me deu um clique. Nos sentimos como ‘canalizando’ o som de alguém tão pomposo, mas àquela altura eu não estava mais pensando nisso."

Corbijn incialmente estava relutante em fazer "Control", preocupado de ser acusado (como aconteceu em sua carreira de fotógrafo) de ter ligação apenas com a música. Ele também esperava que esse fosse seu único filme, mas a experiência despertou nele a vontade de repetir a experiência.

Embora "Control" encerre um capítulo da vida do diretor, também foi responsável por abrir um novo, como cineasta. "Esse filme foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida.”

MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO

"Control", de Anton Corbijn
Quando: sexta-feira (19), às 18h40

Onde: IG Cine (Rua Fradique Coutinho, 361, tel. 5096-0585)

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